Tuesday, September 30, 2008

Luxos do Brasil

Depois de 10 meses longe do Brasil, eu entrei numa fase "as aves que aqui gorjeiam não gorjeiam como lá."
Tenho sentido bastante saudade da terrinha e, em especial, de coisas incríveis que temos por lá e que agora, com olhar distanciado, eu considero um luxo!
Os campeões da minha "wish list":

Pão francês quentinho todo dia



Aqui, assim como na França, não tem pão francês! Pior ainda, nem padaria, aquele lugar incrível onde você compra não apenas o pãozinho nosso de todo dia, mas um picolé nos dias de calorão e cerveja gelada de garrafa para salvar a festa. Quando estou comendo meu pão de forma torrado de todo dia, fico imaginando que maravilha seria poder ir na esquina de manhãzinha e voltar com um pão quentinho, prontinho pra passar requeijão... Ah, também não tem requeijão!

Suco de cajú natural



Já não tem suco de caju, que dirá natural! Na verdade, suco natural não é coisa muito fácil de encontrar aqui não. Bons tempos aqueles quando eu tomava suco de verdade, feito na hora, todo dia no almoço. Não apenas de caju, claro, mas também de laranja, melancia, goiaba, abacaxi... Bem, na casa da minha mãe tinha! Sabe porque?

Secretária do lar



Esse é outro luxo, indiscutível! Até já falei sobre isso aqui. O assunto "domésticas" no Brasil é um tanto controverso e não quero levantar polêmicas, mas não tem como negar a satisfação que é ter alguém todos os dias na sua casa para ajudar, deixar tudo arrumadinho e ainda fazer um suquinho natural pra hora do almoço! Um luxo só!

Queijinho coalho assado na praia



As praias aqui são lindas, mas... sabe como é, falta alguma coisa. Um pouco mais de calor, uma água com temperatura mais próxima do tolerável permitindo mergulhinhos ocasionais ao longo do dia, e claro, o luxo de ficar sentadinha e receber ofertas de consumo das mais variadas possíveis. Do óculos "raybom" à skol gelada, do mate com limão ao delicioso, maravilhoso queijo coalho assado. Hum...
Só no Brasil!

Friday, September 26, 2008

Logo agora...


Logo agora que chegou o outono, que é o verdadeiro verão de San Francisco, eu me dei conta de que faltam só dois meses para eu fazer o GMAT, passar com A nas aulas de cálculo e mandar meu "application" para a Haas School of Business!
Ou seja, enquanto o "verão" tá morninho e lindo lá fora, eu estou aqui afundada em matemática, gramática de inglês, etc.
Porém, tem duas coisas que me consolam:
1 - eu quero muito fazer um MBA aqui, então tá certo, tenho que fazer a minha parte!
2 - no fim disso tudo, no início de dezembro, estou indo para o Brasil curtir um verão, esse sim, de verdade!

Wednesday, September 17, 2008

I have an iPhone, I'm a weirdo; I don't have an iPhone, I'm a weirdo.


Eu não sei dizer se a coisa é exagerada somente aqui em San Francisco porque afinal de contas estamos na Bay Area e no Vale do Silício estão todas as empresas de tecnologia e tal, ou se a epidemia já está espalhada de vez por todo o mundo mesmo. O fato é que o iPhone, que na primeira versão já era uma febre, artigo de primeira necessidade para qualquer pessoa mamãe-tô-na-moda-sou-moderno-e-tô-podendo, agora virou unanimidade mesmo com a versão 3G e, principalmente, com a possibilidade de se baixar milhões de aplicativos.
Mesmo quem tem a versão antiga pode instalar mil programinhas que fazem das coisas mais bobas, como uma "espada do Jedi" que faz um barulhinho quando você "luta" com o iPhone, até coisas bem úteis como o Yelp ou o Messenger. As pessoas estão encantadas, apaixonadas, enlouquecidas.
Nesse momento, eu preciso dizer que eu ainda não tenho um iPhone. Continuando...
Ultimamente você entra no ônibus e vê as pessoas que nunca se viram na vida papeando alegremente sobre seus iPhones como fariam duas mamães com seus filhinhos. Sabe, quando as crianças "fazem amizade" e os pais começam a trocar conselhos sobre fralda, escolinha e remédio para dor de ouvido? Pois é, é como se os iPhones também "fizessem amizade":
- Ah, você instalou o Shazam? E aí, funciona?
- Ô, é ótimo, nunca falhou! E o msn, já tá usando?
- Não sabia que já tinha!!! É de graça?
- Não, mas vale a pena! Rola de mandar foto e som na hora!
- Pô, maneiro!
O problema é que agora, que TODO MUNDO tem um iPhone, as pessoas ficam lá, nesse "mundo paralelo", conectadas O TEMPO TODO. Por exemplo, se sentamos uma turma numa mesa de bar, rola um momento em que eu vejo que cada um está, ao mesmo tempo, mexendo em alguma coisa no seu respectivo brinquedinho. A pessoa tá conversando com o amigo em Paris pelo msn ao invés de falar com os amigos sentados na mesma mesa!
Esses dias estávamos eu e o Ri num restaurante desses mais românticozinhos, flores e velas. O Ri lá, olhando alguma coisa ou acho que brincando com um joguinho novo que ele tinha acabado de instalar. Eu estava admirando a decoração do restaurante e reparando que uma cadeira lá na mesa do fundo estava com um pé meio torto. Nesse momento, a garçonete chegou do meu lado e, com ar de consolo, disse: - Hi... mais um vidrado no iPhone...
Eu: - É... pois é. Hehe.
Ela: - Ah, mas pelo menos não é video game!
Eu: - Bom, não posso dizer, desse mal eu também sofro!!!

Um outro dia eu escrevo um capítulo garotos X video games X esposas/namoradas X conversa. Por enquanto estou decidindo se abro uma frente de resistência ou se compro logo o meu iPhone também! Afinal, o bichinho é incrível mesmo!

Wednesday, September 10, 2008

Ask your doctor!



Faz tempo eu quero comentar os comerciais de remédio aqui nos EUA, pois foi uma das coisas que mais me chamou a atenção na TV logo que cheguei. É impressionante a quantidade de remédios que os americanos consomem e a presença maciça de comerciais de remédio na TV é uma prova disso. Mas o que me chamou a atenção não foi exatamente a quantidade mas o formato.
A regulamentação dos comerciais pela FDA (Food and Drug Administration) exige que sejam citados os efeitos colaterais e riscos do remédio que está sendo anunciado. Sendo assim, normalmente nesses comerciais enquanto você vê uma pessoa sorrindo caminhando num parque, a locução está dizendo coisas horríveis como por exemplo "o uso de Yaz traz riscos ao fígado e pode causar AVC ou ataque cardíaco" ou "Celerex pode causar úlcera, ataque cardíaco e morte".
Mas parece que o público não leva muito à sério os avisos pois os U$5 bilhões que a indústria farmaceutica dos Estados Unidos gasta por ano em propaganda direta ao consumidor não devem estar sendo desperdiçados. Na verdade uma boa parcela do público se diverte (!) com os comerciais, fazendo paródias hilárias. Abaixo links para um comercial verdadeiro e duas paródias de chorar de rir.

Celebrex

Ask your doc about Tequila

Annuale

Sunday, September 7, 2008

"I don't want to move to a city where the only cultural advantage is being able to make a right turn on a red light." Alvy Singer



Quando decidimos nos mudar para os Estados Unidos, tínhamos duas possibilidades: Los Angeles ou San Francisco. Eu que nunca tinha colocado os pés aqui nos states, não tinha uma forte preferência por nenhuma das duas. De qualquer forma eu estaria na Califórnia, eu pensava. Na verdade o que me dividia naquela época eram as possibilidades acadêmicas: UCLA ou UC Berkeley? E no começo, eu até estava mais inclinada à UCLA por causa de um curso de extensão que me pareceu bacana e dentro do meu orçamento.
Mas viemos para San Francisco, me encantei com a cidade num piscar de olhos, conheci a UC Berkeley e agora estou enlouquecida e apaixonadamente me preparando para tentar fazer um MBA lá, certa de que não há lugar melhor para mim.
E foi somente agora, dia 1 (feriado de Dia do Trabalho aqui) que eu pude finalmente conhecer a outra opção que tive no passado. Vou tentar não ser muito dura, afinal eu curti Los Angeles, de certa forma. Mas G-R-A-Ç-A-S-A-D-E-U-S-! não foi pra lá que me mudei! Não sei, é difícil explicar algo tão subjetivo, mas L.A. não é a cidade para mim. Muito mainstream. Mais gente hip-hop style do que eu posso tolerar. Sujo. Muito trânsito, não se anda à pé, não tem transporte público decente. Muito plástico. Pouca reciclagem.
Tudo bem, tem o sol maravilhoso, praia e tudo de bom que vem junto com esses dois ingredientes. Alí sim tá rolando um verão de verdade! Mas em compensação aqui tem uma praia onde a gente pode levar cerva para tomar na areia, e lá não. Brasileiro tem que tomar uma cerva na areia, senão não é a experiência completa de curtir um dia de praia.
No fim, a impressão que fiquei de Los Angeles se resume nessa foto que postei: a praia, o sol, muitos carros e umas palmeiras compriiiidas que mais parecem ser de mentira.

p.s.
Sobre o título do post: Alvy Singer é o personagem do Woody Allen no filme Annie Hall. Ok, eu também posso virar à direita no sinal vermelho em SF (espero não fazer isso no Brasil no final do ano, hahahaha) e ele está falando do ponto de vista de quem mora em NY mas eu adoro essa frase e agora sinto que a compreendo ainda melhor.

Thursday, September 4, 2008

Antes tarde do que nunca

Andei com preguiça de escrever uns dias, e acabei deixando alguns assuntos ficarem velhos. Mas vou comentar assim mesmo, agora, porque ainda vale a pena.

Convenção do partido Democrata

É somente na convenção nacional dos partidos que os candidatos aceitam oficialmente a candidatura à presidência. É um momento importante nas eleições, mas eu não imaginava o quanto. A Convenção do partido Democrata, que aconteceu na quinta-feira passada e onde o Obama aceitou sua candidatura e fez o seu "acceptance speech", foi o maior evento televisivo do ano! Quase 40 milhões de pessoas assistiram pela TV o evento, fora as 84.000 que estavam lá. Para ter uma idéia, mais gente assistiu o discurso do Obama pela TV do a abertura das Olimpíadas, a final do American Idol (detalhe: febre nacional!) ou a entrega do Oscar.



Olimpíadas
Rolaram as Olimpíadas e eu pude experienciar como os americanos não ligam muito para os jogos, contando que eles sejam os primeiros. Claro que todo mundo acompanhou as oito provas do Michael Phelps, era assunto do dia. Mas não vi um estusiasmo geral com o restante das competições.
Só teve um canal de TV transmitindo os jogos, enquanto no Brasil só o Sportv tinha 4 canais diferentes. O Ri deu um jeito de assistir pela internet a cobertura brasileira mesmo. Ainda por cima aqui eles tinham a cara de pau de colocar no canto direito superior do vídeo "Live" quando transmitiam uma competição que rolou há 3 horas atrás!
Mas o melhor de tudo foi o quadro de medalhas! A mídia aqui, simples e descaradamente, mudou a forma de fazer o ranking, adotando o total de medalhas ao invês das medalhas de ouro colocando assim os EUA em primeiro lugar! Inacreditável!!!




Outside Lands Festival!!!
Pense quais eram as minhas expectativas: festival de música, três dias seguidos, em San Francisco, ao ar livre, no parque. Uma versão de Woodstock, claro!
Não foi tanta loucura, mas ainda assim foi tudo de bom! Meus "highlights" do evento:

Pedale, não dirija!
O povo veio de bike e parou no valet para bikes que era de graça. Consciência ecológica rules!!!


Radiohead!!!!!!!
Videozinho para matar as pessoas de inveja, huahuahua!



Muuuita gente e nenhum empurra-empurra